
SÃO FRANCISCO DE ASSIS
26 de setembro de 1182
3 de outubro de 1226


Capítulo 15
O referido cardeal, venerável pai, Dom João de São Paulo, que muitas vezes dava conselho e proteção ao bem-aventurado Francisco, recomendava a todos os outros cardeais a vida e os atos do santo e de seus irmãos. E os seus ânimos eram movidos a amar o homem de Deus e seus irmãos, a tal ponto que cada um desejava ter em sua cúria alguns deles, não para serem servidos por eles, mas pela santidade dos frades e pela devoção ardorosa que lhes tinham.
Morto Dom João de São Paulo, Deus inspirou a um dos cardeais, chamado Hugolino, naquele tempo bispo de Óstia, que nutrisse pelo bem-aventurado Francisco e seus irmãos profundo amor e lhe garantisse conselho e proteção. Na realidade tratou-os com muito fervor, como se fosse o pai de todos. Seu afeto era maior do que um pai carnal tem naturalmente por seus filhos. Conhecendo o homem de Deus sua fama gloriosa, pois era famoso entre os outros cardeais, apresentou-se a ele com seus irmãos. Ele os recebeu com alegria e disse-lhes: “Ofereço-vos eu mesmo como conselho e auxílio, e estou pronto a dar-vos a proteção conforme desejardes, e quero pelo amor de Deus que me recomendeis em vossas orações”. Então o bem-aventurado Francisco, dando graças a Deus, disse ao senhor cardeal: “De boa vontade desejo, senhor, ter-vos como pai e protetor de nossa religião, e quero que todos os irmãos vos recomendem sempre em suas orações”. Depois, o bem-aventurado Francisco pediu-lhe que se dignasse estar presente no capítulo dos frades em Pentecostes. Ele logo aceitou benignamente e, desde então, esteve presente todos os anos ao capítulo.
Quando vinha ao capítulo, todos os irmãos reunidos saíam em procissão ao seu encontro. Ele, descia do cavalo e ia a pé com eles até à igreja de Santa Maria. Depois fazia-lhes um sermão e celebrava a missa, durante a qual o homem de Deus, Francisco, cantava o Evangelho.